11 de jan. de 2012

Biblioteca: O silêncio da água






O Silêncio da água foi um dos livros que veio até mim pessoalmente, sem o intermédio de nenhum amigo ou da Internet - que é quem mais me apresenta livros e autores. Eu estava encantada pela vitrine da minha livraria favorita quando ele apareceu sem que eu nem soubesse que existia.
Depois de vê-lo na livraria encontrei muitas críticas, também negativas, para o fato de ter sido publicado. Muitos vêem a publicação póstuma de um dos trechos de outro livro do Saramago como oportunismo. Eu vejo como oportunidade - não para a editora, mas para nós, leitores, e, principalmente, para as crianças, leitores em formação, que muito provavelmente desconhecem o autor.
Hoje um exemplar de O Silêncio da água veio morar na minha estante.
Foi ótimo reler esse excerto do belíssimo "As pequenas memórias", acompanhado pelas ilustrações-colagens de Manuel Estrada, dedicadas "A José, que fez a água falar.".
O livro é grande e bonito. Tem a capa dura. É atraente. Os livros precisam ser atraentes. As crianças precisam de livros que usem roupas de festa, para que se deixem seduzir.
O conto, simples, múltiplo e delicioso, como toda a prosa - e também a poesia - do autor, me tornou, durante alguns instantes da tarde chuvosa, companheira e cúmplice da criança que um dia viria a tornar-se um grande escritor.
Durante alguns minutos vivi e observei o rio, o trajeto, a casa dos avós, os questionamentos e devaneios do menino já fabulante, e o peixe que todos nós, leitores, gostaríamos de ter a sorte de pescar - ou que talvez tenhamos pescado a cada uma das palavras tão marcadas quanto o grande peixe, que imortalizam Saramago a partir de nós.


O Silêncio da água; José Saramago - ilustrações de Manuel Estrada - 24 páginas - Companhia das Letras