12 de dez. de 2012

Atualizando a Biblioteca: Promessas


Sou uma daquelas muitas pessoas que costumam cumprir o prometido - desde que prometa para os outros. Eu te darei o céu, meu bem... Mas comigo não vou além. Me faço pelo menos cinco promessas diárias e fico satisfeitíssima quando consigo cumprir uma delas.
É raro, quase impossível, cumprir as metas estabelecidas. Por algum motivo incognoscível (pausa para o Aurélio!), preciso caminhar por muitos mundos antes de ceder aos meus desejos e sucumbir às prioridades quase desimportantes; para chegar até mim.
Prometi escrever, neste blogue, sobre todos os livros lidos durante 2012 e, embora registre em caderninhos, que apelidei de livrários, todas as minhas impressões e opiniões sobre leituras, ainda não cumpri um terço da promessa.
Eu nunca havia estabelecido uma meta de leitura, mas, em janeiro passado, o fiz pela primeira vez. Prometi ler a Poesia Completa do Manoel de Barros durante os doze meses do ano e agora celebro o cumprimento de uma promessa e a despedida de um livro repleto de paisagens transformáveis e palavras com sabor de descoberta maravilhante.
Manoel de Barros me causou estranhamento durante a primeira leitura - dO Livro das Ignoranças -, há alguns anos. Depois da experiência frustrada, passei algum tempo flertando, durante mergulhos na internet e idas à livraria, com a poesia do autor. Como Clarice, Virgínia e alguns outros, o poeta foi um caso de amor às segundas vistas, um prêmio pela minha insistência.
Foi bom ler Manoel de Barros durante o ano em que li muitos outros poetas. Eu poderia dizer que escrevo melhor quando leio mais poesia, ou que vejo e sinto melhor quando imersa nas palavras dos fazedores de beleza poética, mas minha relação com a poesia não pode ser descrita, ela é sentível e, apesar de farfalhante, quase enclausurada, só acontece dentro.
A poesia engrandece o olhar. Me torno imensadora de universos distintos quando sinto que as palavras de um poeta me habitam e ganham novas formas e significados a partir do meu ângulo de visão - que sei transformável, sempre efêmero.
Há períodos em que preciso de doses cavalares de poesia e outros em que a prefiro em doses homeopáticas. Os encontros com Manoel de Barros respeitaram meu ritmo e compreenderam minhas disposições e disponibilidades. Poesia Completa foi uma ótima companhia e repousará na estante até chamar pelos meus olhos mais uma vez. Sei que vai acontecer sempre que a poesia de que ele é feito souber que precisa estar mais presente em parte de tudo aquilo que me torna eu.

Poesia Completa - Manoel de Barros - 496 páginas - Leya